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Aramis

Um bilhetinho irrita os vereadores curitibanos

Ao pretender "mandar um recado" aos seus ex-colegas da "egrégia Câmara Municipal de Curitiba", o deputado Rafael Greca de Macedo (PDT) acabou colocando mais lenha na fogueira de sua vaidade em pretender ser o sucessor de Jaime Lerner na Prefeitura. Denunciado pela combativa vereadora Zélia Passos em sua pretensão de reclassificação funcional como funcionário do Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba - onde trabalhou menos de um semestre - o deputado Greca irritou-se com a repercussão do fato, registrado domingo passado, 25, na "Folha de Londrina", na coluna de Luiz Geraldo Mazza (que também voltou a denunciar o caso do plágio no concurso do símbolo dos 300 anos de Curitiba, cujas comemorações o deputado preside) e que mereceu uma pequena nota em nossa coluna. Assim enviou na terça-feira cópias xerocadas de um artigo que publicou na revista "Memória Urbana de Curitiba", editada pelo IPPUC, a propósito de sua contribuição (que não está sendo discutida) à cidade - mas que não prova que ele tenha trabalhado para o IPPUC. Ao contrário, como denunciou agora o vereador Jorge Samek, no documento distribuído, Rafael aparece como "Diretor do IPPUC para Assuntos da Memória Urbana e Preservação Histórica de Curitiba", entre 1979/82 - cargo este que jamais existiu no organograma daquele órgão. Na época, Greca ocupava o cargo de confiança de diretor da Casa Romário Martins, do qual foi obrigado a se desincompatibilizar para disputar uma cadeira na Câmara. Foi quando seu amigo Jaime Lerner o nomeou para o IPPUC, mas cinco meses depois ele solicitava licença política - não retornando mais às funções, que pretende agora incorporar como direito trabalhista. Os termos agressivos com que o deputado Rafael dirigiu-se aos vereadores - e as insinuações feitas, a mão, na reprodução de nossa notícia a respeito (elogiada, aliás, pela maioria dos vereadores) irritou os vereadores Samek, Vanhoni, Doático, Geraldo Yamaha e Zélia que reiteraram as críticas e externaram sua solidariedade a nossa posição, no que também foram acompanhados por outros colegas a quem agradeceram o apoio, como Nely Almeida (que confessou sua estranheza ao saber que Rafael era funcionário fantasma do IPPUC), Mário Celso, Horácio Rodrigues e Jair Cezar, entre outros. Todos lamentaram que o deputado Greca tenha ofendido a própria Câmara ao enviar um bilhetinho pessoal "Com observações que nada explicam", pretendendo justificar as claras denúncias formuladas pela vereadora Zélia Passos na sessão de 14 de agosto último - e cujas cópias taquigráficas estão a disposição de quem se interessar. Angelo Vanhoni, que tem se revelado como um dos melhores vereadores da atual legislatura, não deixou por menos: convocou oficialmente Greca a comparecer a Câmara para justificar seus vínculos com o IPPUC - "que podem ser legais, em termos até trabalhistas, mas que não deixam de ser moralmente contestáveis".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
29/08/1991

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