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Turismo Baiano (II)

SALVADOR, (via Vasp) - Com 38 ilhas, das quais ao menos uma dezena de fortes atrativos para os turistas, a Bahia de Todos Os Santos pode agora ser mais conhecida pelos milhares de visitantes que diariamente chegam a esta cidade. Um empresário de muita visão e com bastante dinheiro. Luís Raimundo Tourinho Dantas, há oito meses vem investindo num negócio até agora não lhe trouxe lucros, mas que, a longo prazo, é capaz de compensar com juros o capital investido: a navegação pela Baia em uma dezena de escunas, dotadas de todo o conforto (geladeiras, poltronas etc). Alugadas a Cr$ 2.500,00 por dia, com capacidade para 25 pessoas - ou em grupos a Cr$ 180,00 por pessoa, o passeio pela Baia, saindo de manhã do Clube dos Saveiros e com retorno ao entardecer possibilita não só visitar as ilhas de Maré, Frades, Itaparica e Madre de Deus, entre outras, como também uma visão cinemascópica de Salvador, com cenas de por de sol dignas da fotografia de um Gabriel Figueroa ou Henry Cartier-Bresson. Na ilha de Itaparica, a Bahiatursa possui um hotel moderníssimo, enquanto em Madre-de-Deus, nos últimos meses, as grandes obras desenvolvidas pela Petrobrás, prejudicaram um pouco a visita dos turistas. Luís Raimundo Tourinho Dantas, proprietário da empresa de navegação e também de um centro turístico em Salvador, com uma dezena de boutiques de padrão internacional está investindo agora Cr$ 1.000.000,00 na compra de um grande barco, com capacidade para 50 pessoas, que fará cruzeiros noturnos, como os Bateau Mouchê, que singram às águas do Sena, em Paris. Aliás, as escunas da L.R. Turismo, estão sendo disputadíssimos por namorados, para românticos passeios nas noites de lua cheia livres de olhares indiscretos e da vigilância policial ou paternal. Há também reservas bastante antecipadas para a utilização dos barcos durante o dia. Assim, se nos principais hotéis de Salvador, as reservas para o Carnaval de até 1977 já estão feitas, também a escunas de Luís Raimundo estão contratadas para a mais famosa festa popular de salvador, a procissão marítima do dia 1o de janeiro, em homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes. Xxx Numa justa homenagem ao pintor Guido Viaro (1898-1971), o prefeito Jaime Lerner decidiu inaugurar, a toque-de-caixa, um museu em que ficará o valiosíssimo acervo que o mestre italiano deixou nas mãos de seu filho único, o advogado Constantino, diretor administrativo-financeiro da Fundação Cultural. Assim, em menos de um mês, mais de cem operários do Departamento de Obras da Prefeitura estão trabalhando dia e noite para colocar em condições do antigo prédio da FAB, parcialmente demolido com a abertura da Estrutural Sul (esquina com a Rua São Francisco), receber as telas até à tarde do dia 18, terça-feira, já que a inauguração foi marcada para as 21 horas. O arquiteto Julinho Pechmann, autor do projeto, não sai da obra, para que tudo corra em ordem, mas há tanta gente trabalhando que acontecem cenas dignas de uma comédia de Charles Chaplin ou Buster Keaton. Na segunda-feirra, um operário passou vários minutos fazendo um buraco numa das paredes. Quando parou para refrescar a broca e se afastou do local, veio outro colega que, com algumas colheradas de cimento, tapou o orifício que havia custado muitas gotas de suor. E por pouco não chega um terceiro operário, de brocha na mão, para pintar a parede antes mesmo de sua conclusão. Mas o importante é que, aos trancos e barrancos, o prédio ficará pronto para a inauguração. E a cidade ganha mais um museu: com o acervo de um dos pintores que mais a amou - nos quase cinqüenta em que aqui viveu. Xxx Fernando Calderari foi um dos poucos artistas brasileiros e o único do Paraná - convidado para enviar trabalhos a mostra internacional de gravuras de Lubiania, na Iugoslavia uma das mais famosas do mundo. Mas o tranqüilo e bigodudo artista - professor da Escola de Musica e Belas Artes do Paraná e orientador do Centro de Criatividade preferiu tirar férias e descansar em sua cidade natal, Lapa, do que aprontar as gravuras para a mostra. Não há dúvida de que o velho Maneco Facão tinha razão, quando disse sua famosa frase em relação a Lapa... LEGENDA FOTO 1 - Calderari.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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13/03/1975

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