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Aramis

Toada ecológica venceu o Festival Carrefour da MPB

São Paulo Uma toada falando em ecologia, liberdade e amor, com o título de "Brabuleta", foi a grande vencedora do Festival Carrefour de MPB, realizado no domingo, 11, no ginásio do Ibirapuera - semilotado com aproximadamente 5 mil espectadores. Promoção de um milhão de dólares e que se desenvolveu durante três meses através de sete eliminatórias nas quais concorreram as 84 músicas pré-selecionadas entre 7.461 inscrições vindas de todo o Brasil, o Carrefour MPB se constitui na mais expressiva proposta de revitalização dos festivais, ainda a maior vitrine para compositores e intérpretes na busca de seus espaços. Pela primeira vez desde 1970 quando a dupla Lápis/Paulinho Vitola chegaram a um festival nacional ("Dia de Alecrim"), o Paraná conseguiu cruzar as linhas de fogo das eliminatórias e ter uma representante entre as 10 finalistas, já gravadas em elepê que a rede Carrefour começou a vender ontem. "Bastidores", uma bela composição de dois Gersons - Bertinez, 43 anos e Fisbein, 34 - interpretada pela sensibilidade de Gisele Lopes de Oliveira, 30 anos, classificada na eliminatória de Pinhais, em 9 de junho foi prejudicada pelo fato de ter sido incluída como primeira concorrente na noite de domingo. Há sempre um natural nervosismo na abertura o que não impediu, entretanto, uma correta apresentação, valorizada pelo belo arranjo do maestro Marinho Boffa, a frente da Banda Carrefour e com três afetivos metais curitibanos em participações especiais: Saul (pistão), Anselmo (sax) e Rocha (trombone). Só o fato de chegar no final, dá a música de Fisbein e Martinez (e também a interpreta Gisele) justa promoção nacional. O júri formado pelo compositor Arrigo Barnabé, produtor cultural Chico de Assis, músico Jean Garfunkel, maestro Júlio Medalha, teórico José Miguel Wisnick, cantora Suzana Salles, jornalistas Tarik de Souza ("JB"), Edmar Pereira ("Jornal da Tarde") e Carlos Callado ("Folha de São Paulo"), procurou um consenso entre as 10 concorrentes - que, foram garimpadas, em diferentes estilos e gêneros, de uma fartíssima produção - infelizmente ainda distantes quantitativamente dos tempos gloriosos da era de ouro dos Festivais (1964/72). Se a campeã é uma toada com toques interioranos - mas num moderno e delicioso estilo interpretativo, "Tâmarera", a segunda classificada, dos mineiros Marku Ribas e José Edward, também tem uma grande brasilidade, com suas batidas indígenas - mas as quais o excelente cantor Marku (com justiça escolhido melhor intérprete) incluiu uma performance entre o jazz e o blues, numa letra em que também fala da ecologia mas no sentido humanístico: é preciso salvar o homem para salvar a vida. A terceira classificada foi um rock-protesto ("Eládio") denunciando os disc-jóqueis que recusam a MPB em favor da pior música estrangeira. Sérgio Moreira, mineiro de Teófilo Otoni, 33 anos, que já fez um disco independente e tem uma centena de composições, foi o comunicativo autor-intérprete deste rock agradável, satírico, um dos momentos mais aplaudidos da noite. LEGENDA FOTO - Sérgio Moreira, de Belo Horizonte, com um rock-protesto - "Eládio", foi o terceiro classificado no Festival Carrefour, encerrado domingo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
14/08/1991

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