Rápidas anotações sobre um musical inesquecível
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de julho de 1974
"Cantando na Chuva" está entre os filmes da chamada The Golden Era do filmusical norte-americano. Que começou aproximadamente na metade dos anos 40 e findou 10 anos depois. E que teve como principal Usina os [estúdios] da MGM, onde trabalhavam os produtores como Arthur Freed ( na verdade Arthur Grossman, nascido em Charleston, 1894), diretores como Vicente Minelli e Stanley Donen, roteiristas como Betty Comden e Adolph Green, compositores como Lerner e Loewe, estrelas como Judy Garland, Leslie Caron, Debbie Reynolds e atores-cantores como Fed Astaire, Frank Sinatra e Gene Kelly.
Muitos títulos poderiam ser citados neste período mágico da colorida Hollywood - e entre eles, um adquire significado especial: "Cantando na Chuva", que marcaria a estréia de Stanley Donen na direção, ao lado de Gene Kelly, um dos poucos atores-dançarinos-cantores, que tentaria, posteriormente, outros vôos mais ambiciosos no campo da realização do musical ("Convite a Dança/Invitation to the Dance, 56"), mas também mostrando muita sensibilidade na comédia romântica ("Todos a Paris/The Happy Road", 1957).
Realizado no seguinte ao clássico "Sinfonia de Paris"(An American in Paris, 51), onde Vicente Minelli soube transformar em inesquecíveis cores & coreografias a peça de George Gershwin (1898-1937), composta em 1928, "Cantando na Chuva" foi um momento especial dentro do musical - [gênero] que acompanhou o cinema desde que ele aprendeu a falar com "O Cantor de Jazz" (The Jazz Singer), realizado em 1927 por Alan Crosland e que consagraria Al Johnson (1883-1950).
O que mais impressiona ao espectador-74, assistindo pela primeira vez "Singin'In The Rain" é a
desmistificação que fazia há 22 anos da [Indústria] [Cinematográfica] justamente num [gênero] mágico e glamorizado ao máximo como sempre foi o filmusical. Já tendo inspirado uma extensa bibliografia - a qual não recorro pra estas rápidas anotações - mas que tiveram no crítico Sergio Augusto, por ocasião da exibição do filme na [Guanabara] (Cinema 1), um dos seus maiores divulgadores, "Singin'In The Rain" me parece ser um dos poucos musicais que se voltou para a própria "indústria" do cinema - satirizando o início do cinema falado, os mitos e as dificuldades de muitas estrelas (e astros) em poderem se adaptar ao novo sistema - que por sinal liquidou com muitas carreiras aparentemente brilhantes.
"Cantando na Chuva", é um musical. Sem pretensões outras é por isto mesmo válido e importante como documento de um momento. Sente-se isto nos cortes bruscos após cada canção - que ao contrário de outro clássico do [gênero] ("Amor Sublime Amor/West Side Story, 60, de Robert Wyse), não pretendem ter uma integração [dramática]. Mas, ao contrário, mostram o sentido mágico do musical - em especial nas duas melhores [seqüências] - Dom Lockwood (Gene Kely), em solo, cantando a música-título e, posteriormente, no longo bailado da Broadway - que chega a lembrar a inesquecível [seqüência] final de "An American in Paris"- por sinal já programado para relançamento no Scala em agosto.
"Singin'In The Rain" é um filme para merecer demorados comentários, pois [reúne] elementos que o tornam um filme digno de profundas apreciações. Embora aparentemente tinha sido concebido apenas como um filme-entretenimento, com músicas e cores (o technicolor ainda imperfeito), sem recursos [maiodo], mas que, ao contrário de tantos filmes pretensiosos, permanecerá para sempre]
LEGENDA FOTO: Gene Kelly e Gyd Charisse no Ballet mais [romântico] de "Cantando na Chuva".
Uma antologia da obra de Lêdo Ivo
Reunindo num só volume toda a sua obra poética - exceto Finisterra - Lêdo Ivo acaba de lançar, sob o selo da Editora José Olympio em co-edição com o Instituto Nacional do Livro, o sinal semafórico. Para estudiosos, como para os admiradores em geral, da obra lírica de Lêdo Ivo - considerado pela crítica como uma das figuras de maior destaque na moderna literatura brasileira, com ênfase especial no campo da poesia - aí está a ocasião para [uma] análise em profundidade de toda a criação poética do laureado autor, que vai desde As imaginações (1944[)] até Estação Central (1964).
Um volume de 404 páginas, com dados biobibliográficos e bibliografia de e sobre o Autor. Capa de Eugênio Hirsch. Cr$ 17,00.
De volta aos seus leitores e estudiosos já está nas [livrarias] a 6ª edição de Morte e vida severina e outros poemas em voz alta que João Cabral de Melo Neto escreveu e a Editora José Olympio publicou, com expressiva capa de Carybé.
Esta 6ª edição compõe-se de um auto (Morte e vida severina), um monólogo (O rio), dois poemas que o Autor apelidou "parlamentos", e outros poemas menores que, por implicarem mais de uma voz, prestam-se a uma leitura em voz alta. Um volume de 152 páginas com seis ilustrações de Carybé. Cr$ 18,00.
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