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Aramis

Quem vence as eleições ?

Pelo menos 14 candidatos à Assembléia e Câmara Federal, nas eleições do dia 15 de novembro, não estão acreditando muito na eficiência da propaganda pela televisão e rádio. Só isso para explicar o fato de que não tenham se preocupado em enviar aos partidos seus currículos e fotos, para a confecção do material veiculado nos horários gratuitos. Curiosamente, o desinteresse maior é dos candidatos emedebistas, partido que não aceitou a proposta feita pelo presidente do diretório regional da Arena, o senador biônico Affonso Alves de Camargo Neto, no sentido de ser cancelada, a partir de 1º de novembro, tal veiculação. xxx Euclides Scalco, 51 anos, presidente regional do MDB, ex-prefeito de Francisco Beltrão que disputa uma cadeira na Câmara Federal, tem argumentos fortes para defender os horários: é esta a única formula dos emedebistas informarem aos eleitores de que são candidato. "Para a Arena é muito [tranqüilo] sugerir, simpaticamente, o cancelamento desta propaganda, já que dispõe das benesses oficiais, garantindo outras formas de divulgação. Mas para nós, do MDB, a situação é bem mais difícil", explica Scalco, embora não deixe de admitir que a insistência na divulgação das mensagens acaba cansando os telespectadores-eleitores. xxx Do MDB, inicialmente os candidatos Arlindo Ribas de Oliveira (Curitiba), Roberto Oliveira (Paranavaí), Moacir Tousinho (Curitiba), Otacilio Ribeiro (Cascavel), Fernando Pinto Silva (Curitiba), Pedro Francisco Ferreira (Barbosa Ferraz), Cláudio Almeida e Silva (Londrina), Edison Siena (Londrina), Francisco Foltrane Freire (Foz do Iguaçu), Gustavo de Almeida (Ibaiti), José Anastácio Neto (Telêmaco Borba), Newton Vilela (Jacarézinho) e Lenino Dias, não se deram ao trabalho de entregar ao jornalista Ênio Malheiros, coordenador publicitário das campanhas através do rádio e televisão, as informações mínimas a seu respeito. Alguns, posteriormente, arrependeram-se e entregaram material - como o ex-vereador Arlindo Ribas de Oliveira, mas outros, como Lenine Dias, não se importaram. E assim, nos horários do TRE apenas é mencionado o seu nome e o número. xxx Já na Arena, que entregou a coordenação para veiculação do material no rádio e televisão à Opus, cujo proprietário, jornalista Rafael de Lala, se propôs a fazer o trabalho graciosamente, apenas um candidato não enviou material: João Pagliarini, de Jandaia do Sul. Rafael de Lala, 38 anos, 22 e jornalismo e publicidade, com a experiência de assessoramento nas campanhas da Arena em 1966, 1970 e 1976 (astutamente, em 74, não participou), chegou a fazer um levantamento do trabalho desenvolvido, distribuído em release à imprensa. Por exemplo, diz que a operação de propaganda eleitoral gratuita pela TV representa a emissão de 37 mil mensagens comerciais, das quais 18.720 estiveram ao seu cargo. Só em outubro, a sete estações de televisão do Paraná, estão programando 9.360 comerciais de 120 candidatos arenistas, sendo assim possível exigir pelo menos um comercial de cada, candidato, diariamente. Apesar de oferecer um trabalho voluntário, extensivo inclusive aos locutores que gravaram as mensagens (apenas alguns ganharam cachês simbólicos), a Opus Propaganda empregou 26 pessoas, das quais seis em tempo integral. A parte mais difícil foi a programação da "mídia" para distribuir com igualdade o tempo disponível entre os 120 candidatos e mais o candidato a senador, Túlio Vargas. Como as agências do Paraná ainda não empregam computador, foi necessário uma semana para fechar os estudos de mídia de televisão. xxx Rafael partiu de um sistema técnico para distribuir os horários disponíveis (duas horas diárias, em núcleos de 5 minutos cada) para satisfazer todos os candidatos. Naturalmente, quem é programado nos horários nobres fica satisfeito, mas quem fica em horário de menor audiência, protesta. Para evitar acusações e irritação dos candidatos, Rafael preferiu tratar todos de forma idêntica, vendo-os apenas como produtos a serem "vendidos" em suas imagens. Por exemplo, só em outubro, a operação dispõe de 1.500 emissões grupadas em programetes de cinco minutos cada um. Em cada programete, foram editadas mensagens de cerca de 6 candidatos a deputado federal e estadual, e mais um texto especial do candidato a senador, Túlio Vargas. No total, os candidatos a deputado disporão de 7.800 comerciais durante o mês, enquanto o candidato ao Senado será programado 1.560 vezes. Para evitar problemas jurídicos, Rafael recorreu à consultoria de um especialista em direito eleitoral, advogado Goya Campos, que tem feito oportunas sugestões. xxx As pesquisas que vêm se repetindo, em escala nacional, não deixam de preocupar os candidatos. A edição da revista "Status", de outubro (nº 51, 170 páginas, Cr$ 40,00), que chegou às bancas da cidade na terça-feira, foi consumida por milhares de políticos, atraídos pelos prognósticos de 7 páginas feitas pelo jornalista Sebastião Nery; um dos bem informados jornalistas políticos - uma prévia do livro que está escrevendo para a Editora Francisco Alves, sobre as eleições e que deverá circular até o dia 30 de novembro, analisando as eleições (em 1974, Nery publicou "As 16 derrotas que abalaram o País", um best-seller na época). No seu delicioso texto, Nery acrescentou quadro em que faz as previsões sobre os resultados das eleições de 15 de novembro em todo o País. Viajando a todos os Estados - em algumas capitais por várias vezes (só em Curitiba esteve 3 vezes nos últimos meses), tendo informações de fontes seguras, uma grande vivência política (foi deputado estadual na Bahia e pretende voltar a disputar cargos públicos, "de vereador a presidente da República se me permitirem"), Nery têm condições de dar opiniões abalizadas. É claro que os nomes que ficaram de fora em sua prévia estão irritados, mas a partir do dia 16 de novembro as urnas provarão se Sebastião estava certo ou errado. xxx No Paraná, Sebastião Nery prevê a vitória de José Richa (MDB), ao Senado. Para a Câmara Federal, o deputado mais votado, primeiro em sua lista, será Paulo Pimentel, seguido de Norton Macedo, Arnaldo Busato, Adriano Valente, Mário Stamm (novo), Agostinho Rodrigues, Alipio Carvalho, Hamilton Vilela (atual senador, na vaga de João Mattos Leão), Minoro Miyamoto, Igor Losso, Mário Braga Ramos, Luís Roberto Soares (novo), Fabiano Braga Cortes (novo), Ítalo Conti, Antônio Ueno, Hermes Macedo e Cleverson Marinho Teixeira. Primeiros suplentes: João Vargas de Oliveira, Flávio Giovine e Ary Kfuri. No total, 17 deputados federais contra os 19 que o MDB deverá fazer: Álvaro Dias (possivelmente repetindo o recorde de votos que teve em 1974), Maurício Fruet (novo), Euclides Scalco (novo), Hélio Duque (novo), Nivaldo Krieger (novo), Heitor Alencar Furtado (novo), Oswaldo Macedo (novo), Gomes do Amaral, Fernando Gama, Nelson Maculan, Walber Guimarães, Sebastião Rodrigues, Olivir Gabardo, Sílvio Barros (novo), Amadeu Geara (novo), Antônio Anibelli, Paulo Marques e Gamaliel Galvão. Como primeiros suplentes, Pedro Lauro, Osvaldo Buskei e Expedito Zanotti. xxx Para a Assembléia Legislativa, hoje com 29 deputados da Arena e 25 do MDB, a previsão de Nery é a seguinte: Arena 21, MDB, 27. Ou seja, uma diferença de apenas 4 parlamentares - o que exigirá do futuro governador Ney Braga toda sua habilidade política. Desde que os deputados emedebistas eleitos sejam homens de posições definidas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
14/10/1978

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