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Aramis

Perdoar é preciso

Pelo fato de um dos seus diretores e principais acionistas ser o deputado Alencar Furtado, da ala dos autênticos do MDB, o semanário "Movimento" é bastante prudente em abordar problemas paranaenses, relacionados ao partido oposicionista. Por isso é significativa a matéria que a correspondente Fátima Murad enviou para o número que está nas bancas, comentando o fato do MDB não ter lançado candidato em Cambará, onde a oposição elegeu, em 1972, o prefeito e seis dos treze vereadores. "Pretendentes não faltam, diz Fátima: quatro dos atuais vereadores estão interessados em concorrer a reeleição. Mas a decisão do diretório regional do MDB de não lançar candidatos em Cambará visa exatamente a evitar que esses pretendentes sejam reeleitos sob a legenda da oposição, depois de terem se revelado fortes aliados da Arena. Os quatro são muito ligados ao atual prefeito, Mário Conselvan, que mal tomou posse no cargo, se transferiu para o partido do governo". Fátima Murad faz, a seguir, a pergunta de por que o MDB não usa os meios legais de que dispõe para punir esses vereadores e assim evitar o impasse? Com base em entrevistas a fontes não identificadas do MDB, responde: "Se dependesse do diretório regional do MDB no Paraná a questão já estaria solucionada. Há nove meses, esses vereadores foram formalmente expulsos do partido por terem infringido o Código de Ética partidária. Logo que foi aprovada a decisão, os vereadores recorreram ao diretório nacional que até hoje não se manifestou. Enquanto isso, os adesistas permanecem no MDB, protegidos pelo dispositivo legal que suspende a pena aplicada até que a direção nacional examine o recurso. Como diretório nacional do MDB se omite nesta questão, um parlamentar justificou a Fátima Murad a posição do diretório regional no caso do deputado estadual José Domingos Scapelini, defensor do AI-5 e de outras medidas de exceção do governo. O diretório levou quase um ano para julgar o processo contra o deputado e, finalmente, a três semanas, depois de ter coletado provas mais do que suficientes para sua expulsão, decidiu absolvê-lo. "Todos eram pela expulsão do Scarpelini. A posição que ele assumiu não merece justificativa. Mas se nós o expulsássemos e ele decidisse, como os vereadores de Cambará, recorrer a direção do partido? Não há dúvidas que o caso acabaria esquecido e nós desmoralizados mais uma vez". É bom lembrar que dos 30 prefeitos eleitos pelo MDB em 1972, no Paraná, 10 se transferiram para a Arena, após a posse. Título do artigo de Fátima Murad: "Perdoar é preciso". Joselito, não o terrível garoto-cantante espanhol que no início dos anos 60, andou poluindo musicalmente o Brasil com cançonetas estilo "Um Raio de Sol", mas sim um cearense repentista, será a principal atração que um homem da noite e candidato a vereador Gabriel Gugelmim conseguiu para o primeiro comício do MDB, na noite de 11 de setembro, na Praça do Portão. As estrelas maiores do partido oposicionista prometem estar presentes: senador Leite Chaves, deputados Álvaro Dias, Antônio Belinatti, Maurício Fruet e Osvaldo Evangelista de Macedo. O problema é levar o povo para ouvir.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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02/09/1976

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