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Aramis

O som internacional de Egberto

Na intensa programação musical na próxima semana, dois dos mais caros espetáculos do ano estarão sendo apresentados no Teatro Guaíra. O maestro e compositor Burt Bacharach, que vem com orquestra e bailarinos, num espetáculo em que une o som ao visual com duas únicas apresentações, na noite de quinta-feira, dia 6 - (20 e 22 horas). Custa, em termos de produção, incluindo salários dos músicos e bailarinos, hospedagem, transporte, equipamento etc., mais de Cr$ 500 mil. xxx Egberto Gismonti, que estréia na sexta-feira, dia 7 para uma temporada de 3 dias, na mesma sala, tem um espetáculo que fica em torno de Cr$ 50 mil por dia. Apesar da diferença em relação a Bacharach, é, assim mesmo, um alto custo de produção, o que faz com que o mineiro Willer Butika (William José de Mattes), responsável pela firma Rubyblue que empresa a atual tournée de Gismonti por 8 capitais, seja no mínimo um homem corajoso. Sem dúvida em dos criadores musicais de maior importância, com reconhecimento amplo no Exterior, onde tem feito longas temporadas e gravado muitos discos, Gismonti, pela primeira vez, está saindo do eixo Rio-São Paulo. A música que produz é do mais alto nível, tendo passado, há muito, dos limites do popular. Isso, de um lado, lhe dá uma dimensão internacional, mas por outro o limita seu público. xxx Um disco que Gismonti gravou há pouco mais de um ano em Oslo, com o percussionista Nana Vasconcelos ("Dança das Cabeças", que a Odeon está colocando nas lojas no Brasil nesta semana) foi escolhida pela revista "Melody Maker" (para muitos a mais importante publicação de música do mundo) como um dos 10 melhores discos de 77. A crítica internacioanal consagrou este disco, que dá nome ao espetáculo que Gismonti traz agora a Curitiba. Disse um dos críticos daquela revista: "A música de Gismonti é extraordinariamente lírica e sensual. É fantástico, simplesmente fantástico. Se você tem interesse em música, Gismonti lhe deslumbrará com a pureza devastadora e a profundidade de seu som eterno. Sem datas ou fronteiras". Outro crítico, Mick Brown, da revista "Sound", escreveu: "Dança das Cabeças" é um vitorioso tour de force: "o Sr. Gismonti toca violão de oito cordas, piano e flautas de madeira. Tem muito, muito mais acontecendo neste disco do que é possível descrever. É um desses discos que você tocará para sempre, indefinidamente, nos momentos mais preciosos". xxx Junto com Gismonti, músico múltiplo, desdobrando-se entre o piano acústico, flautas de madeira, violão e vocal, vem o grupo Academia de Danças, da qual fazem parte Mauro Senise (sax e flauta), Zeca Assunpção (baixo acústico), Zé Eduardo (bateria, percussão) e Marlui Miranda (vocal). Marlui, aliás, é uma das maiores promessas da MPB para 1978: violonista e compositora, além de belíssima voz, já esteve em Curitiba, num show com Jards Macalé no Teatro do Paiol, há dois anos. xxx Mas a semana musical tem outras atrações: na segunda-feira na Festa dos Melhores de 78, que Antonio Carlos Rocha, do programa "Comunicação da Cidade" promove, estarão Beth Carvalho, Originais do Samba e Maria Martha, cantora revelação de 1977. E, a partir do dia 10, reiniciando a segunda fase do Projeto Pixinguinha, uma dupla sensacional: Paulinho da Viola e Canhoto da Paraíba. Mas sobre eles falaremos depois. LEGENDA FOTO 1 - Egberto
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
02/04/1978

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