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Aramis

No campo de batalha

As comparações serão inevitáveis e os especialistas em ópera por certo discutirão bastante: quem está melhor na produção - se o elenco A (que se apresentou ontem e volta amanhã), com a soprano Neyde Thomas na personagem título, ou se o elenco B, com a londrinense Deborah Oliveira, no mesmo papel. Neyde Thomas é uma cantora de grande experiência, curriculum ilustre e que já cantou em várias partes do mundo. Já Deborah Oliveira é jovem e surpreendeu-se ao merecer o convite para fazer um trabalho tão importante. Além de interpretar "Tosca", no elenco A, Neyde foi também preparadora técnica das vozes. Aliás, nos últimos seis anos vem dividindo seu tempo entre programações clássicas de concertos públicos e para a televisão e ao ensino da técnica e aperfeiçoamento vocal. Justifica: "Toda a experiência adquirida durante anos deve ser passada para os jovens que gostam de canto lírico". A estréia mundial de "Tosca" ocorreu no teatro Constanza, em Roma, em 1900, Giacomo Puccini (Luca, Itália - 22/12/1853 a 29/11/1924) deixou inúmeras obras, das quais as óperas mais conhecidas são "Edgard", "La Bohéme", "Madame Butterfly" e "La Rondini". Em Curitiba, alguns fanáticos por ópera - como o médico Hélio Germiniani, empresário Joel Mendes, e o advogado José Falcão, possuem dezenas de diferentes gravações de "Tosca", que costumam ouvir em grupos, comentando detalhes em torno de cada interpretação. Eles serão - ao lado de outros operários fascinados, juizes rigorosos da montagem em cartaz no Guaíra. A propósito, há dois grupos organizados de fãs de ópera e música erudita que reúnem-se semanalmente para audições de peças e apreciarem tapes - geralmente importados. De Marcelo Marchioro explicando a linha que seguiu para a direção Cênica de "Tosca": "procurei uma encenação realista, com toques não realistas. Assim, se buscou criar uma "Tosca" a mais verdadeira possível, resgatando Puccini e, mais do que isso, resgatando Sardou, o autor da peça na qual o compositor baseou-se para fazer a ópera". Embora esta seja a primeira ópera dirigida por Marcelo, informação a respeito do bel-canto não lhe falta: seu pai, o madeireiro Nelson Marchioro, assim como seus avós, sempre cultivaram o hábito de ouvir ópera, todas as noites, em casa. "Eu cresci ouvindo os grandes autores e intérpretes, especialmente os italianos" diz Marcelo. 1929 foi um ano de muito trabalho para Marchioro, que encenou diversos espetáculos - todos elogiados pela crítica. Há uma semana, terminou a temporada no Teatro Paiol, em São Paulo, da peça "Cais Oeste" (Quai Quest), de Bernard-Maria Koltés (1950-1989), considerado um dos grandes talentos do novo teatro europeu, mas até agora totalmente desconhecido no Brasil. Em sua última viagem a Paris, Marcelo assistiu uma peça de Koltés e trouxe o texto, que traduziu em parceria com Emílio Di Biasi. Em 1990, Marcelo planeja fazer uma encenação de "Cais Oeste" em Curitiba. Encerrada a temporada de "Tosca", Marcelo prepara-se para uma permanência de 50 dias em Berlim. Como bolsista do Goethe Institut, vai aprimorar seus conhecimentos da língua de Goethe. Na volta, no mínimo, trará projetos para encenar novos autores que conhecerá nesta sua nova viagem à Alemanha.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
19/10/1989

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