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Miran, excesso de talento na internacional "Gráfica "

Como diz a premiada campanha criada pela Umuarama, para a conta remunerada Bamerindus, Osvaldo Miranda também excede. Justamente em termos criativos, ele que, nestes últimos anos tem participado, aliás, de muitas das melhores campanhas do Bamerindus. O seu excesso, no caso, é a qualidade que conseguiu dar ao último número de sua revista Gráfica (nº 22, dezembro/88), circulando já internacionalmente. Cada um dos números de Gráfica é um novo deslumbramento em termos de qualidade de imagens, designer, recursos gráficos etc. - aspectos técnicos que Ivens de Jesus Fontoura promete analisar, detalhadamente, em sua página especializada na edição dominical deste "Almanaque". Entretanto, não se pode deixar de registrar cada nova edição desta revista que Miran - ou Mirandinha, bicho de Paranaguá, produz em sua mansão - estúdio e que agora passou a ser produzida industrialmente pela Editora Gráficos Burti, em São Paulo. xxx A associação de Miran com dois amigos publicitários - Carlos Ferreira da Costa e Orestes Woesthoff, que fundaram a Casa de Idéias Editora de Vídeo e Gráfica Ltda. (Rua Dom Alberto Gonçalves, 47, Curitiba, fone 232-4260), o liberaram das preocupações administrativas-publicitárias-comerciais. Pode, assim, concentrar toda a sua energia na bolação de uma revista que hoje compete internacionalmente com 3 ou 4 outras publicações do mesmo nível, editadas na Suíça e Estados Unidos. A Gráfica transformou-se numa cult-magazine tão procurada que Orestes Woesthoff pensou numa maneira para tentar conseguir alguns exemplares dos números 1 a 16, totalmente esgotados: está trocando cada um destes números por uma assinatura com direito a seis exemplares da revista. Ou seja, uma revista antiga vale seis novas pois as mesmas, especialmente as de número 1 a 8, tornaram-se valorizadíssimas Collector's Itens para diretores de arte, programadores visuais, desenhistas de arte, designers etc. xxx O número 22 da Gráfica está bastante diversificado. Abre com dez páginas dedicadas a um emergente diretor de arte, Felipe Taborda, 32 anos, carioca que durante algum tempo residiu em Curitiba - período em que foi um dos maiores amigos do pintor Carlos Eduardo Zimmermann. Entre 1981/82, Felipe fez mestrado em Comunication Arts no Instituto de Tecnologia de Nova Iorque, completando assim a formação de designer (PUC-Rio de Janeiro, 1978/80) e um estágio no Graphic Design de Milton Glaser, na Escola de Artes Visuais de Nova Iorque-USA. Nestes últimos anos, Felipe tem trabalhado especialmente para a Sigla, criando belíssimas capas para os discos da Som Livre - e a amostragem selecionada por Miram para ilustrar o seu talento podem servir como aperitivo maior: a edição futura de um álbum somente com as melhores capas criadas para elepês, a exemplo do que o norte-americano Roger Dean faz anualmente, desde 1977, pela Dagon's World Book ("Álbum Cover Álbum"), e que chega ao Brasil em pequena quantidade, vendida hoje por mais de Cz$ 70 mil o exemplar. Afinal, hoje a produção gráfica para a indústria fonográfica atingiu um altíssimo nível e o paranaense Elifas Andreato não é a única estrela maior na criação de capas de elepês. Prova disso são os trabalhos de Felipe, selecionados para este número de Gráfica. A propósito, quando Miran vai dedicar uma edição especial a obra (notável) de Elifas? Felipe Taborda, entretanto, não realiza apenas trabalhos para capas de discos: é dele a belíssima capa do livro de memórias de Simone Signoret ("A Nostalgia É não mais o que Era"), lançado há alguns meses - mas que, infelizmente, passou despercebido. xxx Depois da introdução com Taborda, outros criadores visuais são também merecedores de nobres e coloridos espaços. Ricardo Rousselot, argentino, com trabalhos internacionais; Daniel Pelavin, ilustrador/designer que atende alguns dos maiores clientes americanos (CBS, Ogilvy & Mather, Randon House, The New York Times etc.). A seção de cartuns é dedicada ao tema "Imigrantes", com trabalhos de Horácio Cardo. Outra seção é dedicada a diferentes tratamentos do tema "árvore", nos desenhos de Marilyn Wordeldine, Mart Eichinger, Julian Naranjo, Wess Massey, Paul Ison, Patrick Sookgo, Jann Church, Diane Cook, Doug Armstrong, Gerald Reis e o próprio Miran, entre outros. Felipe Taborda, homenageado na abertura, é também apresentador de um novo designer: Thales Pereira, carioca, 36 anos, que começou sua carreira em Belo Horizonte, no Rio há apenas 5 anos já está entre os mais conceituados artistas gráficos. xxx Coletivamente, a DPZ, merece nada menos que 19 páginas para demonstrar um pouco da arte que a fez ser a mais badalada agência brasileira. Já em duas páginas, com um encarte especial, Miran mostra o trabalho que fez de Ted Thinkaus, o primeiro "medalha de ouro" com ilustração em preto e branco no concurso anual da Sociedade dos Ilustradores de Nova Iorque. E o desfile de beleza visual prossegue, para que Miran inclua também uma espécie de portfólio reduzido de sua arte - que coloca à disposição dos interessados (fone 232-4260, Curitiba), além de uma seção de informações com transcrições do noticiário da imprensa portuguesa sobre sua participação na Bienal de Cerveira, ocasião em que foi lançado um número dedicado ao Grafismo Português (35 artistas representados e divulgação de cerca de 350 trabalhos). Afinal, a Gráfica tem há mais de um ano um ativo curitibano trabalhando no mercado europeu: Evaldo S. Schlegder. Graças a isto, já chega hoje a mais de 10 países e, em Curitiba, quem se interessar em adquiri-la pode procurá-la em algumas bancas de categoria (Batel, Aeroporto Afonso Pena) e nas livrarias do Chaim, na Técnico e Científica e Papelaria Los Angeles).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
11/01/1989

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