Login do usuário

Aramis

Max quer trocar as jóias pela política

A se confirmar, nas próximas semanas: disposto a dedicar-se exclusivamente à política e já com vistas a disputar um cargo legislativo (possivelmente deputado federal) nas próximas eleições, o joalheiro Max Rosenmann, atual presidente do Instituto de Previdência do Estado, estaria deixando o grupo empresarial de que é sócio majoritário, ao lado de seu irmão mais moço, Manoel. Donos de mais de 70 joalherias espalhadas em quase todos os Estados, os irmãos Rosenmann construíram, em pouco mais de dez anos, um verdadeiro império, numa faixa sofisticada de mercado: jóias, relógios e alguns outros produtos de elite, hoje identificados com a griffe Rosenmann. xxx Quem conhece Max Rosenmann, desde os tempos de estudante secundarista, sabe que para ele a política sempre foi uma grande paixão. Disputava cargos em centros estudantis, influenciava eleições, integrando-se numa geração de garotos que, com a vivência adquirida naquela época de muita liberdade e discussão política (final dos anos 50, início dos anos 60), se transformariam nos homens que, agora, nos anos 80, estão no poder ou, ao redor (em disputa), distribuindo-se em várias siglas políticas. Cândido Manoel Martins de Oliveira - ex-deputado estadual, ex-secretário de Estado, ex-presidente do Tribunal de Contas, candidato declarado à sucessão de José Richa (este, de uma geração de líderes estudantis um pouco anterior); o hoje senador Enéas Faria; o sempre ouvido Bayard Osna (presidente da URBS e lembrado como em potencial a candidato a deputado federal): Francisco Rodrigues Accioly Neto, ex-deputado estadual, nos últimos anos afastado da política mas sempre considerado uma presença marcante e, mesmo Miguel Nasser Filho, ex-vereador e um dos mais fortes empresários paranaenses (disposto a voltar à política, com o poderio de seu grupo), são apenas alguns dos contemporâneos da política estudantil de Max Rosenmann. xxx De um modesto escritório de representações de jóias, que funcionava no quinto andar de um edifício da Rua Marechal Floriano, a um grupo poderoso que se inclui, hoje, entre as grandes joalherias do País, os irmãos Max e Manoel Rosenmann projetaram-se numa área de grandes lucros (e riscos). A organização cresceu tanto que até um centro administrativo, equipado com computadores da última geração, foi instalado, em Curitiba, para possibilitar o controle de dezenas de lojas espalhadas nos endereços mais valorizados no Brasil - hotéis cinco estrelas, aeroportos, shopping centers, etc. Integrando-se à campanha de seu amigo José Richa, desde novembro de 1983 o nome de Max Rosenmann passou a ser cotado para cargos do primeiro escalão. Entretanto, dentro das composições políticas - e como amigo leal e desinteressado do governador - não pleiteou posição alguma. Foi, entretanto, convocado para a direção geral da Casa Civil, ali implantando um processo de modernização administrativa, para o que contou a sua bem sucedida experiência na iniciativa privada. E quando uma crise pipocou no Instituto de Previdência do Estado, Max foi, naturalmente, o nome lembrado. Independente, em termos políticos, nas várias correntes em que se digladia há dois anos, o PMDB, sólida formação administrativa e muito jogo-de-cintura, Max vem realizando, ao que dizem imparciais observadores, uma séria e competente administração no IPE, órgão de complexas exigências, haja visto o número de associados e o alto custo dos serviços. Dedicando-se, em tempo integral, ao IPE e somando suas naturais ambições políticas, Max, estaria decidido a vender ao irmão, Manoel, sua (valorizadíssima) participação no grupo joalheiro e, com os recursos obtidos, dispor de cacife para solidificar suas campanhas políticas - a começar pela disputa de uma vaga na Câmara Federal. xxx Já Manoel Rosenmann, um dos empresários mais simpáticos do Paraná, extremamente bem relacionado, tem projetos para garantir maior lucratividade ao grupo que dirige, incluindo a desativação de algumas lojas ociosas e concentração de recursos maciços em outros setores, com desenvolvimento de novos projetos. Visão empresarial, não lhe falta: nos últimos anos, já gastou vários passaportes, tal o número de viagens internacionais que tem feito. Inclusive, a ampliação de sua rede de joalherias, aos Estados Unidos e Europa, sempre foi meta muito flamejante. LEGENDA FOTO - Max: as jóias do poder.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
06/02/1985

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br