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Aramis

Franco voltou e mostra o que fez

É difícil encontrar alguém que não estime Franco Giglio, um italiano de Dolce Acqua, uma ladeia medieval que se localiza entre San Remo de Monte Carlos, na Riviera Dei Fiore, numa das regiões mais lindas da Europa. Franco Giglio é o exemplo daquelas pessoas que só fazem amigos, espontaneamente, sem precisar jamais forçar a barra, Chegou a Curitiba há mais de 20 anos, de passagem para Porto Alegre e foi ficando, principalmente porque encontrou um grupo de artistas, jornalistas, escritores que freqüentavam o bar do Zanki e o Jockey, ao lado da primeira Cocaco, na Rua Ébano Pereira, que viviam uma época em que a cidade era menor e as pessoas estavam mais próximas. Uma Curitiba em que todos se conheciam, onde o mercado de artes plásticas ainda inexistia em termos profissionais, mais todos que dele faziam parte eram (bem) mais honestos e amigos. E isto tudo encantou a Giglio, que antes de vir para Curitiba havia passado por Belo Horizonte e Rio de Janeiro, onde fez de tudo um pouco. Mas seria aqui que revelaria todo o seu poder de criação, como moralista, em pastilhas, técnica da qual foi o pioneiro entre nós - e é, até, um dos poucos a dominar. Trabalhando calmamente, com seu jeito amigo e suave, foi fazendo trabalhos em vários prédios, residências e mesmo igrejas - inclusive no Interior. Depois que conheceu Potty - que o tem como um de seus maiores amigos, passou a se interessar também por sedenho e gravura e, há 7 anos, surpreendia a todos com uma nova técnica: de fotografias de seus desenhos, criava quadros de uma nova técnica - de tal forma que, em sua primeira individual, em 1973, na Galeria do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, todos os trabalhos expostos foram vendidos praticamente na mesma noite. Uma segunda mostra, alguns meses depois, teve idêntico sucesso. Por razões familiares - a mãe, idosa, saudosa do filho distante - o levaram a retornar a Dolce Acqua, onde, algumas semanas depois, iria encontrá-lo Rosely, com quem se casou por procuração. Discretos ao máximo, Franco e Rosely - que durante anos foi o braço direito de Eugênia Petrius, na Cocaco, mantiveram um namoro e noivado em segredo, e até os mais íntimos amigos surpreenderam-se com o casamento. Em quatro anos na Itália - inicialmente em Dolce Acqua, depois Mantova e, finalmente, em Verona, Franco se dedicou apenas à pintura. Num mercado altamente competitivo, com milhares de artistas, seus trabalhos conseguiram destacar-se, merecer alogios de críticos respeitáveis e atingir preços estáveis. Expôs em Roma, em janeiro de 1976, quando a crítica Maria Torrente, da revista "D`Ars", de Milão, lhe dedicou um texto dos mais entusiásticos - sem que ele sequer a conhecesse, já que lá - ao contrário do que ocorre muitas vezes no Brasil, de nada adianta o relacionamento pessoal, em termos artísticos. Há um mês, finalmente, Franco Giglio retornou, já que agora era a família de sua esposa - Moreira, de nascimento, que estava saudosa, e as centenas de amigos exigiam também o retorno de Franco. Por uma feliz coincidência, sua volta foi às vésperas do vernissage comemorativo aos 20 anos da Cocaco (na verdade 22), ligada tanto a sua vida, como à de Rosely. Nestas 4 semanas Franco e Rosely não têm podido atender todos os convites que lhe fazem, tal o entusiasmo com que foram recebidos, mas apesar desta roda viva, o bom Giglio, profissional como sempre, aceitou o desafio feito por seu amigo Fernando Velloso: reunir obras recentes, mostrando suas novas tendências, para uma individual que será inaugurada amanhã, quarta-feira, no Museu de Arte Contemporânea - e que deverá, sem favor nenhum, se constituir no principal evento artístico desta temporada. Como a área crítica de artes plásticas não é a nossa, fazemos aqui apenas o registro jornalístico e dedicamos o resto do espaço de hoje ao que Maria Torrente, em Roma, há 3 anos, escreveu a respeito das telas de Franco, após visitar sua individual na Galeria do Citybank, na capital italiana. FOTO LEGENDA- Franco Giglio
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
26/06/1979

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