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Fenata segundo o seu presidente

FORTALEZA - (Via Telex) - Sem caráter competitivo, "apenas uma mostra panorâmica do que se faz em teatro amador nas diversas regiões do País". Como explica Jota D'Angelo, presidente da Fenata, o Festival Nacional do Teatro Amador que se realizou nesta Capital, reunindo seis grupos, representando as diferentes regiões em que a entidade vem atuando. Criada em Petrópolis, em setembro do ano passado, a Fenata nasceu oficialmente, com o propósito "dar a seus associados os meios de aprofundar e desenvolver a própria cultura mas também coordenar e integrar entre si as diferentes formas e matizes culturais do País; ficando o Estado na função de intermediário". Isso significa que embora tivesse dado condições práticas (coordenação, recursos financeiros etc) para que o festival se realizasse, para o serviço nacional de teatro deixou toda a sua execução, termos artísticos e de participação. Sob a responsabilidade da própria Fenata. São mais de 800 grupos amadores que estão espalhados por todo o País, nas mais diferentes condições de trabalho e existência. Em mais de 30 anos de idealístico esforço, , o embaixador Paschoal Carlos Mago, ex-secretário-geral do Conselho Federal de Cultura, realizou oito encontros nacionais estimulado e prestigiado, com sua presença, mais de uma centena, interior afora. Agora, entretanto, existe uma federação que representa, por região, todos os grupos, enfocando com realismo os problemas específicos de cada uma. Paralelamente ao festival, eu reunião no Hotel Premier, os coordenadores e conselheiros da Fenata, estão discutindo - com sinceridade - os problemas existentes que vão desde as divergências entre os grupos - o que provocou, por exemplo, a ausência de representações do Paraná e Rio Grande do Sul - até tabus e preconceitos enfrentados por grupos de pequenas comunidades, onde por exemplo, as moças são proibidas de pisarem num palco. Sexagenário, aparência cansada e abatida, Paschoal Carlos Magno, convidado de honra do festival, está presente em todas as sessões, sempre ao lado de sua irmã, Orlanda, que há algum tempo escreveu a "Pequena História do Duse", onde relatou os grandes momentos do pequeno teatro de 100 lugares, no casarão da família em Santa Teresa, onde tantos nomes, hoje importantes, da vida artística brasileira, deram os seus primeiros passos; Paschoal mostra-se amargo e pessimista, anunciando que, definitivamente, abandonou seus projetos de massificação da cultura - a última experiência foi a "Barca da Cultura", que percorreu o Rio São Francisco, inclusive com a participação do grupo do teatro de Armando Maranhão. Paschoal também colocou à venda sua mansão desejando que o governo a adquira para ali instalar um Museu de Teatro, mas até agora a única proposta que recebeu foi de um particular, interessado em alugá-la para "transformá-la em restaurante". Idéia que horroriza sua irmã Orlanda, que insiste também para que o idoso diplomata escreva novo volume de seu livro de memórias, cuja primeira parte - "não me acuso, nem perdôo", saiu há alguns anos. LEGENDA : Paschoal Carlos Magno
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
13/11/1975

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