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Aramis

A "Curitiba" de Hilton Valente vale um disco

A decisão do experiente compositor e arranjador Roberto Nascimento em se fixar em Curitiba, contratado pela Audisom - um dos bons estúdios da cidade - vai se refletir numa maior opção para as agências de publicidade em busca de bons produtores de jingles e trilhas sonoras. Aos 51 anos, curriculum artístico que indica múltiplas experiências e parcerias ilustres - inclusive com Cartola, um ótimo elepê gravado na antiga Tapecar, Roberto Nascimento foi, nos últimos anos, atuante arranjador e músico na Globo, ali fazendo muitos (e bons) trabalhos. Por razões exclusivamente pessoais e encontrando em Curitiba espaço para desenvolver um bom trabalho, aqui está, produzindo várias peças e desenvolvendo projetos especiais, um dos quais - um disco com quatro músicas sobre Curitiba, dentro da proposta de "Capital Ecológica" - entusiasmou o prefeito Jaime Lerner na semana passada. Ao lado de composições dele próprio e de Eron Vianna, paranaense de Palmas, a idéia é incluir neste disco - que seria prensado em vinil verde, para uma ampla distribuição - também uma canção que embora sendo a que mais identificou Curitiba desde que foi composta, há mais de 40 anos, até hoje nunca teve uma gravação. Trata-se da canção de autoria de Hilton Valente, que ao lado de engenheiro e professor da Universidade Federal do Paraná, sempre foi um grande boêmio musical, de uma época dourada da cidade. Hoje, já quase septuagenário e gravemente doente, Hilton está afastado da vida musical e a gravação de sua canção seria uma justa homenagem a quem tanto deu a cidade. Há 17 anos, quando da produção de "Cidade sem Portas", Paulinho Vítola - outro talento, que também pode ter uma de suas canções incluídas neste disco (se ele realmente acontecer) - usou a canção de Hilton Valente na trila do espetáculo "Cidade sem Portas", que com texto de Adherbal Fortes de Sá Júnior, foi apresentado por mais de um mês no Teatro Paiol, e posteriormente, levado a vários bairros da cidade. Conhecida de milhares de curitibanos, "Curitiba do Juvevê ao Portão" - limites geográficos da cidade na época em que o jovem Hilton Valente fazia românticas serenatas - até hoje não teve uma boa gravação. Com a experiência artística de Roberto Nascimento e o entusiasmo do animador cultural Carlos Pinheiro, que vai tentar viabilizar economicamente o projeto, poderá se dar a nossa cidade um belo disco. Música para uma cidade ou Estado não se impõe - ela deve nascer espontaneamente - como "Gauchinha bem Querer", do paulista Tito Madi para o Rio Grande do Sul, ou o clássico "Cidade Maravilhosa", de André Filho (1906-1974), composta em 1934, para o Rio de Janeiro - ou "Sampa", que o baiano Caetano Veloso dedicou a São Paulo. A "Curitiba", de Hilton Valente, é, de todas as composições que tentaram falar sobre a nossa cidade, a que mais profundamente tocou corações e sentimentos. Portanto, se o prefeito Jaime Lerner apoiar efetivamente esta idéia, a Capital Ecológica só terá a ganhar.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
17/01/1991

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