A Cidade & O Tempo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de janeiro de 1975
Até agora um reduto de pequenos agricultores, integrando o chamado Cinturão Verde, a Zona Norte de Curitiba começa a mostrar os primeiros sinais de que abrigará, a médio e longo prazos, os novos bairros da elite curitibana. Se a falta de uma infra-estrutura de serviços - água, saneamento, telefone, supermercados, farmácia etc. - desanima, no momento, a construção de residências naquela zona da cidade, as perspectivas oferecidas para os próximos anos - rápidas vias de acesso, extensão dos serviços comunitários - mais a topografia privilegiada (permitindo a mais panorâmica visão de Curitiba) e, principalmente, a existência de reservas florestais, está valorizando de forma impressionante os terrenos localizados à margem direita da rodovia do Café.
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Alguns milionários de maior visão já estão investindo na compra de amplas áreas naquela zona e dispostos a sacrificar o conforto dos jardins Social, Los Angeles e mesmo Batel pela construção de mansões na Colônia Santo Ignacio, que oferece as áreas mais atraentes, a um preço até agora compensador (Cr$ 18,00 a Cr$ 20,00 o metro quadrado). Nas proximidades do Parque do Barigüi (1.600.000 metros quadrados, investimento de quase Cr$ 20 milhões da Prefeitura) os terrenos já está custando de Cr$ 80,00 a Cr$ 100,00 o metro quadrado com perspectivas de valorização ainda maior.
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A medida que a poluição e a expansão econômica da cidade vão dominando os bairros mais tradicionais, as populações das grandes cidades vão procurando áreas mais distantes, compensando o percurso diário de 20 ou 30 quilômetros com o ar puro, as áreas verdes e a tranqüilidade perdida nas ruas cheias de trânsito e poluição. Na Guanabara e em São Paulo, já são dezenas de bairros novos surgidos nos últimos 5 anos - com terrenos que chegaram a valorizar em 500%. Em Curitiba, ainda que timidamente, começa a se registrar esta busca de novos bairros e além da zona do Barigüi, também no alto do Pilarzinho - proximidades da Rua João Gava, onde existe uma grande pedreira que a Prefeitura sonha em transformar no maior anfiteatro ao ar livre do Brasil - começam a se registrar as primeiras grandes vendas - com modestos agricultores sendo surpreendidos pela súbita valorização das áreas herdadas de seus pais e avós - e onde em breve se concentrarão os nomes-noticia da cidade em suas mansões de imensos jardins, campos de tênis e piscinas... apesar do nosso clima.
Legenda foto 1 - Juarez
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