Login do usuário

Aramis

A cidade & a música

Às 11 horas da manhã de sábado, o florista do quiosque na Avenida Xavier, onde estará instalado um dos quatro alto-falantes que retransmitida a execução de "Vexations" de Erik Satie desde as 6 horas da manhã, executada ao piano por 15 jovens voluntários, não teve duvidas: apanhou um alicate e se preparava para cortar o fio, desligando o parelho, por "não suportar mais ouvir a mesma música". A arquiteta Josely Carvalho, coordenadora do projeto de criatividade que incluía aquela unidade musical, foi dialogar com o florista, que entretanto não se convenceu. Aos seus gritos somou-se o insulto de um amigo que ficou ainda mais irritado quando a arquiteta fotografou, com sua Minolta sua expressão de cólera. E se não fosse a intervenção de um guarda, o cidadão teria destruído a câmara e agredido Josely. xxx Este foi um dos muitos fatos registrados no sábado em decorrência da inédita experiência desenvolvida em Curitiba pelo Diretório Acadêmico Guido Viaro, com coordenação de Josely Carvalho, arquiteta formada Washington University, de St. Louis, Missouri, em 1967, professora da Universidade de Virginia e que na próxima semana retorna a Washington, onde estagia por dez meses através do National Endowmnet Found of Arts. Enquanto no Museu de Arte Contemporânea se desenvolviam projetos de modelagem em cerâmica e com massa de pão- consumindo um saco de 45 quilos de farinha - estes assados no forno de uma padaria próxima e distribuído a todos que ali chegavam, na Avenida Luis Xavier, durante 18 horas, se ouvia o mesmo e monótono tema de Erik Satie (1866-1925), que provocou as mais diferentes reações. O comerciante João Jacob Mehl, 29 anos, proprietário da Confeitaria Iguaçu e que cedeu o seu quiosque defronte o edifício Arthur Hauer, para nele ser instalado o piano, não escondia sua irritação: teve que acordar às 5:00 horas da manhã para às 6 horas abrir o estabelecimento e receber a pianista Jocy de Oliveira - vinda especialmente da Guanabara para prestigiar o projeto desenvolvido por sua irmã Josely, a primeira a executar o tema de Satie. Até às 10 horas da manhã, Jacob recebeu dezenas de reclamações - principalmente dos hotéis vizinhos, cujos hóspedes irritaram-se com a repetição constante do mesmo tema. Mas, houve também muitos que entenderam e gostaram do original projeto musical - até hoje [texto ilegível]...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
03/09/1974

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br