Camerata descobre que é brasileira.
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de maio de 1984
Ora! Viva! Os integrantes da Camerata Antigua de Curitiba se cansaram de ficar nos canoros cantos da Idade Média e assim, mesmo sem terem que o maestro Regina abrisse mão do eclusivismo no mando do elogiado grupo musical, para que outros competentes regentes sensiveis a música brasileira possam lembrar que a Camerata é um conjunto de nosso Pais. Assim, no concerto que o grupo fará amanhã a noite, no auditório da Reitoria,sob regência do violinista Paulo Bosisio, o repertório incluíra "Maracatu"de Ernani Aguiar. "Desafio"de Marlos Nobre, duas peças de Bento Mossurunga ( "Minueto"e "Sonho") e uma peça que curtibano Henrique Morozowicz compôs especialmente para esta nova e positiva fase Camerata: a " Serenata Noturna".
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Falando em boa música, graças ao fato do Teatro do Paiol voltar a ter uma administração artistica, mais acolhedora das salas curitibanas deixa de ser habitda por fantasmas e terá a partir de junho uma programação que lembra os bons tempos em que era o grande ponto de animação musical da cidade. No calendario,temporadas, de Tete Espíndola a volta de dois artistas da maior importancia que estavam afastados: Lúcio Alves ( que já se restabeleceu dos problemas de saúde) e Sérgio Ricardo ( saindo de um demorado auto exilio artistico ).
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Passou desapercebida uma crise interna ( como tantas ) na Fundação Cultural, que levou a respeitável professora e musicóloga Suzy Lambach a se demitir da coordenação musical no Solar do Barão. Vindo de Brasilia, com muitas promesas para desenvolver um bom trabalho Suzy ( que nem conhecemos pessoalmente ) não teve tempo de executar seus planos. E assim há duas semanas foi substituida por Paulo César Botas, hoje, um dos talentos mais polivalentes com força total no Paraná. Paulo César é técnico do IPARDES, irmão dominicano, autor de uma tese sobre a participação do seminário "Brasil Urgente"no processo revolucionáriio brasileiro ( "Benção de Abril", Vozes,1983 )e, principalmente, dono de bela voz que encanta uma legião de admiradores desde os tempos em que era a atração maior nas chamadas "missas jovens" na antiga capela do Colégio Santa Maria. Depois de uma longa temporada em Paris para onde foi trabalhar em sua tese - Paulo retornou a Curitiba, ganhando na administração anterior um dos melhores cargos de assessoria do então seu amigo Lubomir Ficinski, secretário dos Municipios. Mudou o governo e a estrela do simpático Paulo César brilhou ainda mais: contratado pelo IPARDES ( organismo que tem a maior flexibilidade na arregimentação de pessoal técnico que necessita ser bem remunerado ) passou a fazer confêrencias. Debates etc. Há dois meses, com seu velho amigo Marinho Galera, montou a cantata " A Paixão Segundo Cristiano", de Geraldo Vandré. Agora, Paulo Cesar foi guindado a coordenação da área musical da Fundação Cultural. E como é um dos mais prestigiados assessores aquilo que Suzy Lambach não pode realizar venha a acontecer.
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